5/30/2009

PARA O RESGATE DA MEMÓRIA DA CIDADE

PESQUISA – NELSON OLIVEIRA

ELES – ZÉ CABORÉ E JOÃO GUERRA

TEXTO – RAFAEL DA FONSECA ROCHA

Existem, nos diversos setores da vida, dentro das mais variadas atividades humanas, indivíduos que, por suas formações conseguem servir bem e com destaque as suas comunidades, indiferentes das compensações materiais.

Em Floriano, alguns abnegados elementos, nas suas profissões, deram o máximo de esforços em benefício de todas as classes sociais da população.

Ínfimos eram os ganhos profissionais; entretanto, cônscios das suas responsabilidades, eles, exaustos pelas energias gastas nos horários normais de trabalho, não se negavam em ocasiões de dores e divertimento em colaborar com aqueles que os procuravam.

José da Costa Oliveira ( o Zé Caboré ), casado com dona Josina Castro, pai de Raimundo da Costa Oliveira ( o Raimundinho Caboré ), proprietário de um táxi aéreo em nossa cidade na década de sessenta, e que morreu num trágico acidente aéreo ocorrido no estado de Pernambuco; e de Josfina da Costa Oliveira, professora que, ao contrair matrimônio, mudou-se para a cidade de Paraibano, no Maranhão. A família residia na rua Fernando Drumond, numa casa antes da do seu Elias Oka.

João Guerra, casado com dona Maria Clinaura, pai, dentre outros, do conhecido Carlos Pechincha, este residente em Brasília, que anualmente está presente ao carnaval da nossa cidade. Seu João Guerra morou até a sua morte numa casa situada à rua José Coriolano, onde continua residindo a sua esposa dona Maria Clinaura, gozando de perfeita saúde, até o dia em que redigimos esse quadro em 23 / 01 / 2008.

Zé Caboré e João Guerra, unidos, cuidavam com esmero e dedicação da nossa usina que fornecia luz a cidade e era de propriedade do município. Amavam, aquela usina e aquela velha máquina e, dentro de seus limites técnicos, tudo faziam para mantê-la limpa e em impecável funcionamento. Quantas horas extras, sem remuneração. Zé Caboré fez em noites seguidas. Cidadão consciente, estando sempre pronto a atender os diversos seguimentos da sociedade, oferecendo, em qualquer instante, o melhor da sua indispensável dedicação. Fora do seu trabalho, nos limitados momentos de folga, ele, dono de um automóvel dos anos 20 / 30, o transformou numa camioneta com carroceria de madeira e fazia uma linha Floriano / Jerumenha, transportando passageiros e cargas entre as duas cidades.

Além disso tudo, ele mantinha, ligada a sua casa, uma oficina de ferreiro, onde trabalhava o conhecido Aluísio Ferreira, pai do competente encanador Vitorino e em cuja oficina era mantida uma fundição de peças metálicas e que também tinha a capacidade do Zé Caboré.

Aluísio Ferreira, cria do nosso focalizado, dedicado operário de sua arte, era líder operário e fazia parte dos quadros de sócios da União Artística Operária Florianense, onde fez parte, em inúmeras oportunidades, de sua administração.

João Guerra, já com o corpo curvado pelos anos, carregava, lentamente, em seus ombros, horas após horas, por todos os recantos da cidade, a incômoda escada, uma constante companheira, para manter em situação de bom funcionamento, a rede de iluminação pública, sustentada por postes de madeira, de preferência aroeira.

Atencioso e educado, como era o povo daquela época distante, era, nas horas vagas, o único eletricista para os reparos das instalações particulares. Somente muito tempo depois, João Guerra conseguiu um auxiliar de nome Lourival, criado por dona Cisa, proprietária de uma pensão na praça coronel Borges, próxima à casa do seu Milad Kalume e que também fabricava uns saborosos pães sovados, bastante procurados. Lourival, como João Guerra, era alegre ( bom carnavalesco ), educado e atencioso.

Naquele tempo, embora a demanda ainda fosse pequena, pelo tamanho da cidade, trabalho era intenso, levando-se em conta o número de pessoas para o serviço.

Zé Caboré e João Guerra, pelos seus desempenhos da profissão de técnicos e eletricista, foram esquecidos, por muitas vezes receberam deles atendimento atencioso e não deram os seus nomes a uma rua ou mesmo a uma viela, mas tem nomes em logradouros da nossa cidade que não se sabe quem foram e nem de onde vieram.

COMENTÁRIOS

Rafael da Fonseca Rocha nasceu em Floriano, filho da dona Lolosa, irmão de Pedro da Fonseca Rocha e fona Dionéia Fonseca Leal. Quando solteiro, morava na praça doutor Sebastião Martins na casa da esquina drfronte à do seu Mundico Castro ( doutor Filadelfo ), funcionário do Banco do Brasil, membro da Loja Maçônica Igualdade Florianense e gostava de jogar futebol. Mudou-se para Brasília e visitava sua terra anualmente.

5/28/2009

O MEU PIAUI



Texto - Rosane Pavam ( Estraído da Carta Capital )



Minha mãe nasceu no Piauí, o que, suspeito, tornou-me rara. Conheci o Piauí de perto. Ninguém na maior parte do Brasil parece saber o que o Piauí é. Mas, na minha infância, ele não tinha mistérios. Era apenas indescritível. Um céu com mais estrelas.


Os colunistas de blog da atualidade, os atores, os filósofos do saber, acham interessante dizer que, com essa enchente terrível, responsável por deixar dez mil desabrigados no estado, o País todo fica com a cara do Piauí. Como se ao Piauí equivalesse a máxima miséria brasileira e como se, ao evocar seu nome no título de uma revista cultural, a ironia pelo contraste estivesse perfeita.


Observo que muitos males ainda pendem do imaginário dos pensadores locais. Antes o Brasil se parecesse com o Piauí. Dizer Piauí é dizer uma utopia que o País não alcança. São pobres lá, antes e agora, como foram e ainda serão os brasileiros em todos os recantos das cidades ricas. Mas são também ricos no Piauí, como poucos suspeitam. As escolas, a arqueologia, a poesia, um cotidiano de profundas marcas.


Outro dia, em uma festa a que compareci, alguém se aventurou ao curioso raciocínio: "Se não conheço ninguém que tenha vindo do Piauí, o Piauí não existe. Não conheço ninguém que tenha vindo do Piauí." Não sei o porquê da sem-cerimônia com relação ao estado de triste sina. Se não conheço ninguém que tenha vindo do Rio Grande do Sul, por acaso ele teria deixado de existir?


Lembrei-me, ao presenciar o exercício dessa complexidade lógico-linguística, que "lugar nenhum" é o significado para utopia. Thomas Morus utilizou a palavra no título de um livro clássico do século XVI. Era um relato ficcional irônico, provando a impossibilidade da vida perfeita. Com o passar dos anos, Morus preferiu que esquecessem o que escrevera e se dedicou, como padre, a condenar os pensadores viajantes.


O Piauí é utópico. E os ironistas sem linha se servem dessa utopia. Minhas férias de verão aconteciam em Floriano, no sul do estado. Férias de quase três meses. O verão que eu passava por lá era inverno para os piauienses, porque chovia. Na cidade piauiense, a terceira do estado, ardente apesar de seu estado invernal de dezembro a março, as lavadeiras tiravam a blusa a céu aberto e passavam sabão nos seios sem se importar com quem as observava. O rio Parnaíba onde lavavam quilos de roupa de encomenda era marrom como o barro. O rio afogava os desavisados, eventualmente paulistanos que integravam o Projeto Rondon. Os cavalos, vez por outra, deslizavam mortos pela forte correnteza e eu assistia a sua última viagem. O sol se punha sobre Floriano, e eu o observava da margem oposta, na Barão de Grajaú maranhense.


A avenida mais bonita dessa cidade dava para o cais, onde se atracava um restaurante flutuante. Era uma avenida não como se entende uma grande via de asfalto urbana. A avenida do cais vinha calçada de pedras. A via séria, principal, era a Getúlio Vargas, que seguia contínua até a igreja dapraça. De noite, a gente jovem andava por ela em círculos.


Sentados na praça, ficavam os meninos a observar os cabelos novos das moças, tirados da novela da Globo, que passavam no estado com atraso de meses. Em pé, alguns loucos, como o juiz que falava "gudnaite!" em respeitado inglês, faziam-se ouvir por trás do terno azul, do chapéu e da bengala. Havia a jovem negra continuamente grávida, alegadamente louca, de chupeta na boca, de nome Ciça. O vigário corria atrás dos casais improvisados atrás da matriz. As missas do padre Pedro eram gloriosas, porque educavam os fiéis. Irmão que casa com irmã, dizia padre Pedro, tem filho sem cabeça nem pé.


Nos anos 70, não havia esgoto na cidade cujo nome homenageava o terrível marechal republicano. As vacas e as cabras andavam soltas na rua e o solmo ía os olhos dos pedestres. Era uma festa quando chovia, porque a água banhava as crianças, que levavam sabão e toalha para a calçada. As casas amplas tinham terreno para galinhas, viveiros de pássaros, goiabeiras e umbuzais. Como não havia encanamento em todas as casas, o banho friou sualmente partia dos baldes retirados de poços. Matava-se a sede com a água de um pote de barro, colhida por meio de concha grande de alumínio. As comadres se sentavam à noite em cadeiras plásticas coloridas trançadas, diante de suas casas. Conversavam porque a televisão encerrava expediente às nove. Enquanto elas atualizavam histórias dos vizinhos e dos fantasmas, nós, as crianças, andávamos de bicicleta até a igreja e o cais, sem medo de bicho papão. Mas nos escondíamos dos adultos quando ocupávamos a garupadas lambretas.


O Carnaval de rua de Floriano era lindo, remetendo a um século anterior. Havia blocos em que nos encaixávamos, aprontando a roupa igualzinha, pelas mãos de habilíssimas costureiras pobres. Os blocos saíam arrumados e os moleques sem dinheiro investiam contra eles com suas bisnagas cheias de xixi e uma porção de tinta. A apoteose ocorria quando todos os blocos se encontravam na tal avenida do cais, dançando ao som de exímios músicos andarilhos, de manhãzinha. Em casa, esperavam-nos o cuscuz de milho com manteiga ou o caldo de mocotó. As mães e tias dormiam.

Há tanto sobre o Piauí entre aquelas coisas recortadas de minha memória que renderia muitas pequenas colunas. Não me cansaria de falar da sabedoria daquela gente em meio à miséria, cercada da imensa luz da noite. No chão de terra batida das casas, naturalmente, os homens se submetiam aos coronéis. Na Piauí dos anos 70, havia duas classes apenas. Os pobres, que sorriam. E os ricos, cuja fortuna, citando Charles Chaplin, nascera deum crime social. Para sobreviver à pobreza, era preciso agregar-se aos ricos.


A miséria no Brasil pode se equivaler àquela piauiense, mas não é a mesma. Quando se vive na favela paulistana ou fluminense a lua não é mais brancado que aquela.

5/26/2009

NOTA DE PESAR


Faleceu, no último dia 24, em Teresina, onde passava por tratamento de saúde, lutando contra um câncer, o funcionário público aposentado, senhor Raimundo Marreiros C. e Silva ( foto ).

Morador da rua do Amarante, seu Marreiros, por muitos anos trabalhou no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) em Floriano e na antiga loja Casa Inglesa.

Desde o comunicado de sua morte por meio dos familiares e dos meios de comunicação locais, muitos amigos dos seus familiares foram prestar suas últimas condolências.

Além de outros filhos, o seu Marreiros era pai da psicóloga Adelina Glória Marreiros.

Fonte: www.piauinoticias.com

TEODORO SOBRAL LANÇARÁ NOVO LIVRO


O nosso amigo e empresário florianense, Teodoso Sobral, depois do grande sucesso de seu primeiro livro FLORIANO DE HOJE E DE ONTEM, lançará até o final do ano o seu próximo trabalho.

Trata-se da história da agência do Banco do Brasil de Floriano, onde conta e relata toda a sua trajetória no contexto do desenvolvimento da cidade que a instituição proporcionou para Floriano.

Teodoro Sobral pretende, ainda, no lançamento de seu novo livro, reunir o máximo de ex- funcionários do banco, para prestigiar esse grande acontecimento.

Acreditamos que essa nova empreitada de Teodoro abrirá portas e será fonte de pesquisas para outras intituições, estudantes e o povo de um modo geral.

5/25/2009

RETRATOS


Outro retrato dos tempos românticos de Floriano, apanhando a estátua do doutor Sebastião Martins e, ao fundo, o pomposo edifício da Farmácia Rocha.

Já não havia mais o coreto, que deu lugar a estátua ( foto ) de Sebastião Martins, as mudanças já estavam acontecendo.

Com o passar do tempo, a praça foi sendo alterada: os bambuais foram capinados, os arvoredos desaparecendo e a paisagem ganhando novos pontos diferentes.

Atualmente, aguardamos a conclusão dessa nova etapa, dessa nova reforma com a chegada da nova sertã. Vamos saber aprender a gostar desses novos tempos e correr atrás do prejuízo.

Foto: Marcelo Guimarães

5/24/2009

RETRATOS


Há um certa paz, uma harmonia e tranquilidade e um sentimento lírico ao nos deparar com esse belo pôr do sol, extraído da inspiração do nosso amigo Agamenon pedrosa.

Podemos relembrar das velhas pescarias e das taínhas exibidas pelos mucurebas de plantão, das bananeiras, das lavadeiras e daquelas nossas descidas espetaculares em câmaras de ar até à torre.

Precisamos conservar isso daí, principalmente com a sua higienização por parte das autoridades locais e tendo o apoio da comunidade em parcerias diversas. Vamos, portanto, manter essa beleza e divulgá-la para o mundo.

5/23/2009

RETRATOS


Voltando ao tempo, podemos observar a praça da Liberdade, reformada ( foto do arquivo do fotógrafo Marcelo Guimarães ); antes havia um parque de diversões para a criançada no barro duro que ali existia.

O tempo foi passando e Floriano foi engatinhando-se para o progresso, diversas administrações municipais deram sua contribuição, umas para mais e outras para menos: no caso daquele horroroso calçadão da rua São Pedro, muito inoportuno para uma cidade que queria avançar para o futuro.

De forma que temos que cobrar das autoridades, no sentido de realmente se trabalhar para a Princesa do Sul, buscando caminhos próprios e com as parcerias necessárias, sem vaidade, briga ou egoísmo.

Floriano precisa retomar seu crescimento e a juventide tem que tomar partido, através de lutas saudáveis para o engrandecimento de nossa cultura. Só assim, juntos, poderemos identificar o que realmente queremos para Floriano voltar a ser feliz.

5/20/2009

PARA O RESGATE DA MEMÓRIA DA CIDADE DE FLORIANO

Pesquisa & Comentários: Nelson Oliveira

Texto: Djalma Silva, o professor e suas memórias

CHUVA! CHUVA!...

O Inverno ia geralmente de dezembro a abril. As chuvas amiudadas ou intermitentes caindo, correndo pelas bicas e biqueiras das casas, encharcando a areia grossa das ruas ou fazendo lama nos terrenos compactos. Nas ruas em declive aconteciam as enxurradas, onde os meninos soltos brincavam. Os vegetais vivificando, estuantes de seiva.

Mas, no entanto, chegava o mês de maio. Os noturnos tinham-se ido. O tempo agora era claro, bonito. Árvores e ervas floridas, alegrando os campos. No firmamento azulado, nuvens leves e brancas como flocos de algodão. No primeiro dia nos tempos recuados de minha infância, as janelas amanheciam enfloradas. Um costume muito bonito, muito agradável, muito gentil, que foi desaparecendo com o passar dos anos. Irrompiam os ventos gerais. Era então chegada a época de empinar papagaio ( pipa ). E de dia os céus se atrelavam de várias cores e tipos.

A temperatura amena, à noite, ia até julho. Chega agosto. E então – era, como disse Veras de Holanda, “ trinta e dois ”:

O sol dardeja e queima.
O sol fuzila.
Num bárbaro calor que as almas aniquila.

Setembro era a mesma coisa. A quentura torrando a vegetação, secando as fontes e pondo modorra nas pessoas e nos animais, mas vinha a chuva dos cajus. As florescências dos cajueiros se transformavam em frutos. E estes logo amadureciam, pintalgando as árvores de amarelo e vermelho. Uma beleza. Nos domingos muita gente e principalmente muito menino iam para os matos buscar cajus e brincar.

A partir de outubro, trovões e relâmpagos, a par de algumas precipitações pluviosas, punham no povo as esperanças de um bom inverno, de fartura, de bem estar. Se, em vez disso, o céu continuasse profundamente azul, isento de nuvens pronunciadoras de chuvas, o vento balançando as copas das árvores, sibilando nos telhados sem forro nas casas, arrepiando a cobertura das palhoças e varrendo o chão, levantando as nuvens de poeira, o povo começava a preocupar-se.

Nos encontros de ruas, na conversa das varandas ou nas portas das casas à noite, a tônica era uma só. O prolongado verão e a expectativa de dificuldades e até de fome.

No silêncio das alcovas as famílias oravam implorando a proteção dos seus santos. Nos subúrbios a gente humilde, em procissão, saía à tardinha para pelos matos com garrafas de água na cabeça rogando a DEUS nos seus cânticos: “ chuva!... chuva!... chuva com abundância! “
...
COMENTÁRIOS EXPLICATIVOS SOBRE O TEXTO

Com Respeito aos papagaios, ou pipas, que eram empinados, o palco era a praça da Igreja – hoje, Sebastião Martins, pelo espaço que possuía uma vasta área, visto que ali só existia mesmo a nossa catedral e se tornava palco dos mais variados tipos de papagaios / pipas e terminava se transformando numa grande festa promovida pelos jovens da época. Dependendo da condição financeira dos empinadores , existiam papagaios / pipas de vários tamanhos e cores, embelezando os céus da cidade. Os instrumentos eram fabricados com pedaços de buriti e papel de seda com tamanho de um metro de altura por um de largura e o seu fabricante era um filho do senhor Celino Miranda, que residia nas proximidades da Igreja Batista, mais precisamente onde está o consultório do doutor Odilon e que atendia pelo apelido “ barata descascada “ em virtude de sua pele muito branca. Como naquele tempo, a criança e o jovem pela educação que recebiam dos pais, tinham ciência dos seus limites e não eram contaminados pela modernidade do mundo de hoje e o papagaio / pipa era, sem dúvida, uma brincadeira sadia que não trazia nenhum prejuízo. Dentre aqueles que tomavam parte da brincadeira, alguns ainda estão no nosso meio, como Chico Pereira e seu irmão Zé Wilson, Fozzi Attem ( in memorian ), Zeca Demes ( residente em Goiás ), Carlos Martins e muitos outros.

O poema intitulado TRINTA E DOIS de autoria de Veras de Holanda, nascido em Caxias, Maranhão, tinha relação com a seca de 32 que assolou o nosso Estado; além de poeta renomado, era professor de vários colégios, inclusive o seu, que era situado na rua Fernando Marques, antes da casa do senhor Abrão Freitas e inspetor de ensino. Veras de Holanda possuía uma vasta cabeleira, como Castro Alves, era casado com a professora de nome Conceição e salvo engano, era irmã da dona Noeme Melo ( in memorian ), mão do doutor Adelmar, Adevan, Adeval, Aldezita, Fátima e outros.

5/19/2009

RELEMBRANDO FLORIANENSES DA GEMA

HUGO VITOR GUIMÃES

Hugo Vítor nasceu em 17-11-1898, em Floriano -PI e faleceu em 16-11-1950, em Fortaleza-CE. Jurista, poeta, genealogista e historiador.

Era filho de José Fernandes Lima Guimarães e Maria Eugênia da Costa e Silva Guimarães.

Diplomado pela Faculdade de Direito do Ceará. Como acadêmico fez parte do Recreio Literário Soriano de Albuquerque.

Foi diretor da revista A Conquista e como literato e jornalista escreveu para os jornais literários do Piauí e do Ceará.

Foi redator e chefe de A Semana, redator de O Nordeste, Correio do Ceará, O Povo, O Estado e Unitário. Foi um dos fundadores da Sociedade Cearense de Geografia e História. Pertenceu ao Instituto do Ceará, à Sociedade Geográfica de Cuba e ao Instituto Heráldico Genealógico de São Paulo.

Floriano Perde um Grande Filho

Floriano - Piauí. 15 - XII - 1950
Pesquisa: José C. de Andrade Sobrinho
(Da Associação Piauiense de Imprensa)

“Hugo Victor falecido, há algum tempo, em Fortaleza, onde residia, quando atingido aos albores da sua juventude, já era uma celebração, que sofria o peso de uma angustiosa situação, num meio de seringalistas, que traficavam com os centros de exploração de euphorbiaceas e apocyneas (borrachas); altamente cotada no mercado de Liverpool, os quis, com muito raras e honrosissímas exceções, fechavam-se neste dilema, de puro materialismo: _ Ganhar dinheiro...

Se um gênero de notícias interessava ao ativo habitante de Floriano, cidade que florescia, isolada pelas distâncias: - A alta de preços de borrachas, couros de boi, peles domésticas, resinas e folhas de jaborandí. E era esse incrível ambiente que torturava a grande alma de Hugo Vitor, debatendo-se, na sua revolta, contra esse misero estado mental, que predominava e o fizera, por sua vez, fechar-se nesta preocupação absorvente: - Sair para viver espiritualmente.

Foi nesse estado de coisas que cheguei a Floriano, vindo de Teresina, onde havia passados quatro anos, mantendo assídua convivência com rapazes esforçados e vontadosos que compunham a turma de estudantes que, então, cursava o velho Liceu Piauiense, vizinho da casa em que eu trabalhava comerciando. Trazia, na cabeça, uma enorme coleção de versos encantadores, de poetas vários, e, num dos primeiros “adjuntos” a que compareci, receitei um belíssimo soneto de que me resultou um sucesso pelo avesso:

- O moço é poeta... Vejam para que ele havia de dar...

E, nesse diapasão, a conversa espalhou-se e passei a ser visto com maus olhos, pela agente da terra, menos por Hugo Vitor que, no dia seguinte, procurava-me e inquiria:
- Soube que recitou um belo soneto na festa de ontem!...

- É verdade... Mas... O meu arrependimento foi completo... Estou desolado... Notei que aqui não se toleram versos, por melhores que sejam...

- O soneto era da sua lavara?

- Não. Nunca escrevi versos. Era de Olavo Bilac.

Pediu-me que o recitasse. Recitei. E, ao terminar, Hugo Vitor agrava-me com efusão, num grande abraço, que era uma consolação misericordiosa para o meu desapontamento. Queria uma copia do soneto e o lhe ditei a copia. E, desde então, acamaradamos.

Logo depois, Hugo Vitor, com a sua imaginação irrequieta, fundou aqui um grêmio literário que, por sua vez, não escapou à crítica feroz do meio, tanto mais amarga quanto provinha de quem absolutamente não tinha autoridade para fazê-la, mas não desanimava.

Mais tarde, perdia a sua digna genitora, Senhora de excelsas virtudes, o vinha perdendo aos penates, e arribou, para não mais voltar a sua terra berço. Antes da partida preocupou-me, narrou as esperanças que o embalavam e aconselhou-me, fraterno:

- Meu amigo, vá se embora daqui. Você não merece ficar num meio que faz a gente emburrecer...
Não pude tomar o seu conselho e, por cerca de 1928, fui encontrá-lo em Fortaleza, em dificuldades, que provieram de inglória luta política no interior do Ceará, sendo, em razão dela, afastados das funções do cargo federal que exercia e que, mais tarde, recuperou galhardamente. E contou-me ter sido convidado par a redação de um jornal, chegado a Maçonaria, bem como a sua resposta decisiva:

- Prefiro morrer de fome, a aceitar o convite para tal redação,

Era inflexível no dogma da sua fé. Herdada a excelente formação moral da sua genitora e era, como ela, católica cem por cento. Uma particularidade o fazia oscilar um tanto, para uma superstição que o preocupava. E contou-me:

- Dias antes do falecimento da Mamãe, os pombos, que eu criava, com desvelada carinho, lá em casa, como que tomados de pânico; voaram e se foram para nunca mais voltar, exceto uma que era, mais ou menos, a mãe da família e que, examinada, verifiquei ter uma asa quebrada, por isso que não se fora também.

E relevando comentários que, então fizera:

- Tia Celé, vai acontecer uma cousa aqui em casa e não será boa... Os pombos se foram por uma vez...

E, de fato dois ou três dias depois da estranha deserção, morria a sua querida Mamãe, Dona Maroca, que era estimadíssima pela população da cidade e ocupava a presidência do Apostolado do Coração de Jesus.

Em 1934, Hugo Vitor abriu-me as portas do Colégio da Imaculada Conceição, ótimo educandário em que fizeram estágios as minhas quatro filha Tancy, Lucy, Jacy e Lisete, que sempre tiveram, da parte dele, um acolhimento quase paternal, prendendo-me, já agora, por imorredoira gratidão, que sinto-me no dever de externar.

O brilhante intelectual piauiense era, como advogado, historiógrafo e jornalista dos melhores, estimadíssimo em Fortaleza, onde várias vezes prestou relevante colaboração na política administrativa do Estado, cuja imprensa já pos em relevo a sua atuação como homem de letras. Portanto, as traços e as particularidades que mal venho expressando, em um preito de homenagem ao meu saudoso amigo Dr. Hugo Vitor Guimarães, quero publica-los como o mais humildade acréscimo ao rosário de lagrimas com que tantas pessoas, de todas as camadas sociais, como eu, formaram um tumulto que o merecia de verdade (...)”

Fonte: Almanaque do Cariri, 1952

NOVO PRÉDIO DA SERTÃ


Esta é a maquete do que será o novo Bar Sertã, um projeto ousado, moderno, onde se faz uma união com o antigo prédio, já demolido recentemente e que nos deixa bastante saudosos.

No entanto, estamos aguardando o retorno da construção dessa nova etapa de revitalização da praça doutor Sebastião Martins,onde a prefeitura tem que nos entregar logo, pois a população de Floriano aguarda com muita ansiedade.

Seria de suma importância se a inauguração se desse agora em julho, dia 8, aniversário de Floriano, com grandes eventos. Esperamos, pois, que as autoridades competentes se pronunciem e nos dêem uma esperança dessa realização tanto esperada pelos amantes da Princesa do Sul.

Sábado do Riverside

  Normalmente, aos sábados, no Riverside Shopping, a turma da velha guarda se reúne para relaxar e relembrar os bons tempos com resenhas e a...